sábado, 9 de fevereiro de 2008

PAGU

Bem antes de virar Pagu, apelido que lhe foi dado pelo poeta Raul Bopp, Zazá, como era conhecida em família, já era uma mulher avançada para os padrões da época, pois cometia algumas “extravagâncias” como fumar na rua, usar blusas transparentes, manter os cabelos bem cortados e eriçados e dizer palavrões. Nada compatível com sua origem familiar, principalmente pelo lado materno: os Rehder eram imigrantes alemães do Schleswig-Holstein que enriqueceram na produção de café.
Pagú presencia, ainda que muito jovem – tinha à época 12 anos – a Semana de Arte Moderna de 1922 e o início do movimento modernista, do qual mais tarde iria participar. Em 1925, com quinze anos, passa a colaborar no Brás Jornal, assinando Patsy.
Com 18 anos, mal completara o Curso na Escola Normal da Capital, em São Paulo e já está integrada ao movimento antropofágico, de cunho modernista, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. É logo considerada a musa do movimento.
Em 1930, um escândalo para a sociedade conservadora de então: Oswald separa-se de Tarsila e casa-se com Pagú;. No mesmo ano, nasce Rudá, segundo filho de Oswald e primeiro de Pagu. Os dois se tornam militantes do Partido Comunista. Em missão do partido, Pagu vai à Argentina se encontrar com Luís Carlos Prestes.
Ao participar da organização de uma greve de estivadores em Santos Pagu é presa. Era a primeira de uma série de 23 prisões, ao longo da vida. Logo depois de ser solta (1933) partiu para uma viagem pelo mundo, deixando no Brasil o marido Oswald e seu filho. No mesmo ano, publica o romance Parque Industrial, sob o pseudônimo de Mara Lobo.
Em 1935 é presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, e é repatriada para o Brasil;. Separa-se definitivamente de Oswald, retoma a atividade jornalística, mas é novamente presa e torturada, ficando na cadeia por cinco anos.
Ao sair da prisão, em 1940, rompe com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista. No mesmo ano, casa-se com o jornalista Geraldo Ferraz, com quem tem um filho, Geraldo Galvão Ferraz, em 1941. Integra a redação de A Vanguarda Socialista junto com seu marido Geraldo Ferraz, Mário Pedrosa, Hilcar Leite e Edmundo Moniz.
Em 1952 frequenta a Escola de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos a Santos. Ligada ao teatro de vanguarda apresenta a sua tradução de A Cantora Careca de Ionesco. Traduziu e dirigiu Fando e Liz de Arrabal, numa montagem amadora onde estreava um jovem artista Plínio Marcos.
É conhecida como grande animadora cultural em Santos, onde passa a residir. Dedica-se em especial ao teatro, particularmente no incentivo a grupos amadores. Em 1945 lança novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria com Geraldo Ferraz. Tenta, sem sucesso, uma vaga de deputada estadual nas eleições de 1950.
Ainda trabalhava como crítica de arte, quando foi acometida de um câncer. Viaja a Paris para se submeter a uma cirurgia, sem resultados positivos. Volta ao Brasil e morre em 1962.
Em 2005, a cidade de São Paulo comemorou os 95 anos de nascimento de Pagu com uma vasta programação, que incluiu lançamento de livros, exposição de fotos, desenhos e textos da homenageada, apresentação de um espetáculo teatral sobre sua vida e inauguração de uma página na Internet. No dia exato de seu nascimento, convidados compareceram com trajes de época a uma festa Pagu, realizada no Museu da Imagem e do Som.


fonte: Wikipedia
_____________________obras e textos
_____________________um de seus poemas
UM PEIXE
Um pedaço de trapo que fosse
Atirado numa estrada
Em que todos pisam
Um pouco de brisa
Uma gota de chuva
Uma lágrima
Um pedaço de livro
Uma letra ou um número
Um nada, pelo menos
Desesperadamente nada.
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4 comentários:

Thiago! disse...

Bela história a dela!

uma mulher e tanto!

NKRigotti disse...

concordo com o thiago

Hanrrikson de Andrade disse...

Pois é, Oswald de Andrade foi definitivamente um homem de sorte!

A b e l disse...

Um ícone do feminismo!
Bacana falar dela =)
Principalmente em um momento de tantas "bundas soltas por aí" rsrs

Abçs,
Abel